segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Resumo da História de São Gonçalo do Amarante



No passado, o território do Rio Grande do Norte era ocupado por tribos indígenas – os potiguares e os cariris, que faziam parte da nação tupi. Na área de São Gonçalo do Amarante estavam instalados os índios Potiguares que em tupi-guarani significa comedores de camarão. Dessa tribo se destaca o índio Poti, também conhecido por Felipe Camarão, que nasceu na tribo de Extremoz onde atualmente está localizada a cidade de mesmo nome.

A primeira penetração no território de São Gonçalo do Amarante aconteceu provavelmente no século XVII, pois segundo registros, há afinidade entre aqueles que construíram a expedição de Jerônimo de Albuquerque, quando este conquistou o Rio Grande do Norte, e a chegada dos portugueses nos limites do município. Além da origem genética dos índios Potiguares os sãogonçalenses ainda têm influências dos povos europeus (portugueses, franceses, holandeses e espanhóis).

Emancipação Política de São Gonçalo do Amarante

A história do processo de emancipação política de São Gonçalo do Amarante foi atribulada, chegando o município várias vezes a perder sua soberania. A criação do município aconteceu em 11 de abril de 1833 durante o governo de Manoel Lobo de Miranda Henrique, que possuía laços de parentesco com famílias de São Gonçalo.
Em 1856, no governo de Antônio Bernardes de Passos, a doença “cólera-morbo” tornou-se uma epidemia e matou 171 pessoas em São Gonçalo do Amarante. Diante desse fato a vila ficou completamente decadente e devastada.
Por volta de 1868 o lugar foi incorporado ao município de Natal perdendo sua autonomia, de acordo com uma lei assinada pelo governador da província Gustavo Augusto de Sá. A vila só seria novamente levada a condição de município em 1874 no governo de João Capistrano Bandeira de Melo Filho.
Em novembro de 1879, mais um golpe era aplicado ao povo de São Gonçalo, que nesse ano foi transferido para a vila de macaíba (antigo cuité). Com a proclamação da República do Brasil, o vice-presidente José Inácio Fernandes Barros desmembrou São Gonçalo do Amarante de Macaíba, através de um decreto datado de 1890. Em 1938 a antiga vila de São Gonçalo era elevada a condição de cidade.
Decorrido mais de meio século, por causa de um novo decreto de 1943, São Gonçalo perdeu novamente a sua soberania, tendo parte das terras transferidas para a vila de São Paulo do Potengi e a outra parte doada ao território de Macaíba.
A emancipação definitiva só veio acontecer em 11 de dezembro de 1958, pelo decreto 2.323, promulgado pelo vice-governador Dr. José Augusto Varela.



Geografia de São Gonçalo do Amarante


CLIMA
Apresenta clima predominantemente tropical chuvoso, com temperatura média de 27°. As precipitações estão concentradas nos meses de abril, maio, junho e julho, mas sujeito a mudanças climáticas que provoquem chuvas em outras épocas do ano.

HIDROGRAFIA
O município está inserido na bacia hidrográfica do rio Potengi. O rio Potengi nasce na Serra de Santana (Cerro Corá), chegando a ocupar uma extensão de 176 km. Além de São Gonçalo do Amarante o rio Potengi banha os municípios de Cerro Corá, São Tomé, São Paulo do Potengi, Ielmo Marinho, Macaíba e Natal. Dentre os mais importantes afluentes do rio Potengi, temos o rio Jundiaí, o principal deles, e demais afluentes secundários como o rio Camaragibe, rio da Prata, rio Guagiru e o córrego dos Guagirus.

VEGETAÇÃO
A vegetação é caracterizada por áreas de manguezais ou matas de várzeas que margeiam o estuário do rio Potengi, desde o distrito de Santo Antônio do Potengi até as proximidades do bairro Igapó. Na área ainda pode ser observado resquícios da mata atlântica.

RELEVO
A área do município está localizada nos sedimentos costeiros, encravada na várzea do rio Potengi e nos terraços de tabuleiros do grupo barreira, numa altitude de 10 m acima do nível do mar. Essas várzeas são denominadas de planícies fluviais, caracterizadas por terrenos baixos e planos. Os terrenos denominados de terraços fluviais são formados basicamente por argilas, geralmente de cor amarela e vermelha, localizadas próximo ao litoral.

SOLOS
Em São Gonçalo do Amarante predominam os solos de várzea, também conhecidos como solos aluviais, que margeiam o rio Potengi. São os solos de mangue que ocorrem principalmente na desembocadura do rio Potengi, os solos argilosos (denominados de “podzólico vermelho-amarelo”) que ocupam as áreas próximas aos povoados de Coqueiros, Jacaraú, Uruaçu, Santo Antônio e ainda os solos arenosos e salinos.


ECONOMIA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE


AGRICULTURA
Apesar da proximidade com a capital do Estado o município ainda apresenta características da agricultura de subsistência com a produção voltada para o cultivo da mandioca, feijão, banana, coco da baía, milho, batata doce, hortaliças e legumes, mas de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a agricultura para a comercialização também está presente nas lavouras de cana de açúcar, banana, abacaxi e no plantio do caju para extração da castanha.

PECUÁRIA
Pelas condições climáticas e de mercado, o município de São Gonçalo do Amarante tem se destacado na pecuária, em especial na criação bovina, destinada a produção de leite. O município ainda conta com a criação de porcos e galinhas para abate, como também para produção de ovos. No município ainda podemos encontrar criações de ovinos e caprinos.

PESCA
No município a criação de crustáceos e moluscos se destaca das demais atividades pesqueiras, principalmente a criação em cativeiro de camarões, como também a extração de moluscos dos manguezais como ostra, sururu e marisco. Os povoados com maior representação da atividade pesqueira são: Barreiros, Rego Moleiro, Uruaçu e Pajuçara.

COMÉRCIO
O comércio de São Gonçalo do Amarante, na grande maioria, está voltado para o setor de venda de produtos alimentícios como supermercados, mercadinhos e mercearias. O ramo de alimentos prontos como bares, restaurantes e lanchonetes também respondem por uma parcela significativa do comércio local. Outras atividades comerciais que se destacam são as de material de construção, armarinhos e artefatos para presentes, oficina mecânica, borracharia, soldadores, venda de tecidos, vestuário e farmácias.

INDÚSTRIA
A atividade industrial também está presente na economia sãogonçalense. Nesse aspecto a indústria cerâmica se destaca com a produção de tijolos. O município ainda abriga nos seus limites indústrias que atuam na transformação de produtos que geram emprego e renda para os moradores de São Gonçalo e da Grande Natal. Extrativismo Mineral: Distante 18 km da sede de São Gonçalo do Amarante está localizada a comunidade de Serrinha, onde a extração mineral sustenta 80 % das famílias. Nas pedreiras são retiradas manualmente pedras de paralelepípedo que abastecem toda a região da Grande Natal. A produção mensal chega a 5 mil toneladas de pedras, comercializadas com as empresas de construção civil e de pavimentação.

   

  Patrimônio de São Gonçalo





Igreja dos Mártires de Uruaçu


O Santuário dos Mártires de Uruaçu conta com o monumento religioso localizado na comunidade rural de Uruaçu, é o templo da devoção do povo sãogonçalense, erguido para homenagear os primeiros mártires brasileiros e padroeiros do Rio Grande do Norte. O espaço é aberto aos turistas e religiosos, e a cada mês de outubro recebe milhares de fiéis de todas as partes do Rio Grande do Norte e do País que acompanham as celebrações e festividades em homenagem aos Protomártires do Brasil (primeiros mártires do Brasil).



IGREJA MATRIZ DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE


Foi construída no mesmo local da primeira capelinha edificada no início do século XVIII, por iniciativa dos portugueses Paschoal Gomes de Lima e Ambrósio Miguel de Serinhaém. O início da ampliação da capelinha aconteceu em 1838, sendo concluída em 1840. O primeiro vigário da nova matriz foi o padre José Monteiro de Lima.
Ele permaneceu na paróquia durante 28 anos, até o seu falecimento em 15 de janeiro de 1872. Os restos mortais do vigário foram sepultados na própria matriz. A igreja matriz de São Gonçalo do Amarante é um monumento de relevante interesse arquitetônico, constituindo um raro exemplar da arquitetura barroca no Rio Grande do Norte.




CAPELA DE SANTO ANTÔNIO DO POTENGI



Uma versão lendária conta que a construção da capela está diretamente ligada à descoberta de uma imagem numa gruta ou barreiro, por duas herdeiras de terras da região.
A imagem foi identificada como de Santo Antônio e levada pelas moças para casa onde moravam, no entanto, no decorrer dos dias, a imagem que havia sido transportada para a residência, começou a desaparecer e reaparecer sempre no local onde foi achada pela primeira vez.
Por causa desse episódio surgiu a decisão de se construir uma capela, por volta de 1885, data esculpida na fachada até hoje. A capela localiza-se num local elevado de onde pode se ter uma visão panorâmica da comunidade, do rio Potengi e algumas cerâmicas.


CAPELA DE UTINGA


É possível que a atual capela tenha sido construída no mesmo local da capela anterior, a qual fez referência o historiador Olavo Medeiros Filho, depois de analisar um mapa holandês de 1638.
O documento informava a existência de um engenho e uma capela no povoado de Utinga. A data de 1787 é a mesma que se acha inscrita no frontispício da capela, na verdade, representa provavelmente a época em que o templo sofreu alguma reforma.
A capela de Utinga e duas residências próximas apresentam semelhantes características arquitetônicas do século XVII, o que comprova o período em que ambas foram construídas.



CAPELA DE IGREJA NOVA


Foi erguida em 1867, mesmo ano de fundação do povoado, em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da localidade. A capela recebeu o nome de Igreja Nova e é outro templo de relevante interesse arquitetônico com a data fixada na fachada principal. Na frente da igreja foi construído um cruzeiro antigo


CAPELA DE REGO MOLEIRO


No povoado de Rego Moleiro (antigo Rodrigo Moleiro), foi erguida uma capela, cuja data de construção é desconhecida. Sua característica arquitetônica denuncia tratar-se de uma edificação muito antiga. Sabe-se apenas que o povoado surgiu por volta de 1706.



TEATRO MUNICIPAL DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE


O Teatro Municipal Prefeito Poti Cavalcanti foi inaugurado em 22 de agosto de 2003 e é considerado o templo da cultura de São Gonçalo do Amarante.
O espaço representa a vitrine das manifestações artísticas do município e está aberto para realização de eventos de interesse da comunidade incluindo festivais, atividades escolares, religiosas, realização de seminários e apresentações de grupos visitantes.
O teatro tem capacidade para 238 pessoas e conta com aparelhagem de som e ar condicionado central.



Cultura de São Gonçalo do Amarante


Artesanato




O Mercado Municipal do Artesanato está localizado em Santo Antônio do Potengi, um espaço que abriga obras autênticas do artesanato considerado o mais diversificado do Rio Grande do Norte, tendo grande concentração de tipologias artesanais de produções primarias como a cerâmica, cipó, palha da carnaúba, sendo estes os grandes responsáveis pelo diferencial do artesanato do município. As peças são produzidas por dezenas de pessoas, são famílias tradicionais, cujas habilidades passam de pais para filhos.


Gastronomia

Pajuçara é referência Gastronômica de São Gonçalo, o local dispõe de bares e restaurantes onde o camarão é a iguaria mais requisitada, como o autêntico camarão ao alho e óleo (com casca ou sem casca), filé de camarão regado ao caldo de coco, camarão gratinado, carne de siri, galinha caipira, peixe e ainda aquele que é a sensação, sendo o prato mais pedido, o pirão de camarão, com acompanhamento de tapioca, macaxeira, feijão verde, arroz branco, farofa e salada de vinagrete.


Religiosidade


 A cultura religiosa de São Gonçalo do Amarante está ligada a figura dos Mártires de Uruaçu que foram dizimados por resistirem às investidas dos holandeses no município. No dia 03 do mês de outubro é realizada a Festa dos Mártires de Uruaçu.



Manifestações Folclóricas

Gonçalo do Amarante é rico em cultura popular, dentre as manifestações folclóricas destacamos: as danças do boi calemba, congospastoril e bambelô.


Uma figura folclórica de São Gonçalo: Dona Militana que gravou na memória os cantos executados pelo pai, romances originários de uma cultura medieval e ibérica, que narram os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além de romances, Militana canta modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos



BOI CALEMBA

 

O “Boi-Calemba” é a versão potiguar do “bumba meu boi”. Também conhecido como Boi de Reis, é um auto popular que trata da morte e ressurreição de um boi. É composto por “enfeitados” e “mascarados”, divididos em Mestre, Galantes e Damas. Executando cantigas antigas, eles fazem a coreografia ao som da rabeca. O figurino é enfeitado com fitas coloridas e espelhos, proporcionando um interessante efeito visual. Os mascarados representam a parte cômica da dança. O trio formado por Birico, Mateus e a Catirina se apresentam usando roupas vermelhas, rostos pintados e se utilizam dos gestos e paródias dos galantes. Outras figuras integram a apresentação como a Burrinha, o Bode, o Gigante (cavalo marinho), o Jaraguá e o Boi. Os instrumentos utilizados são a rabeca, o pandeiro e alguns instrumentos de corda, podendo ser substituídos pela sanfona.
Em São Gonçalo do Amarante-RN, o Grupo Boi Calemba Pintadinho é um dos grupos mais tradicionais do Rio Grande do Norte, possuindo mais de 100 anos de existência.

CONGOS

O congo é uma prática africana que foi adaptada no Brasil pelos escravos e filhos de escravos, que reúne não só elementos temáticos africanos, mas também ibéricos, cuja difusão vem do século XVII. No Brasil, os missionários católicos conseguiram conservar estas danças guerreiras e batizaram-nas introduzindo elementos do cristianismo. Os escravos, que na sociedade colonial constituíam-se simples instrumento de trabalho, tinham, graças à influência da igreja, a permissão de comemorar certos dias do ano, com festas, estes dias eram comemorados com a congada, permitida pelos patrões e pela igreja. A dança era incentivada  pelas autoridades para manter a ordem nas senzalas. É que os negros se confortavam em assistir seus reis representados nas congadas. Não se tem ideia em que região brasileira surgiu à congada.
Representam uma “Embaixada da Rainha Ginga”, soberana africana ao Rei Cariongo seu irmão, cujo objetivo principal é o trânsito das tropas da rainha pelas terras do rei, resultando na morte do príncipe, filho dele.
Em São Gonçalo, os “Congos de Guerra” é um grupo folclórico de Santo Antônio do Potengi, em São Gonçalo do Amarante, remanescentes dos antigos Congos de Saiote, também do município.
Os Congos contam a história de uma batalha entre as hostes guerreiras de dois soberanos africanos, o rei Henrique Cariongo e sua famosa irmã, a rainha Ginga.
Os cantos são diversos e a indumentária varia de acordo com a criatividade, praticamente feita na base da improvisação. Os personagens principais são o rei Cariongo, o príncipe Sueno, seu filho, o secretário do rei, o embaixador da rainha Ginga, além dos soldados de Cariongo e de sua irmã, aproximadamente quinze brincantes. O repertório musical inclui marchas guerreiras, benditos e outras cantigas. O núcleo dramático é praticamente todo o auto: o combate entre os dois monarcas. A dança é acompanhada pela rabeca, violão, pandeiro, triângulo e agogô, tornando o folguedo uma grande festa.

PASTORIL

O Pastoril é um dos quatro principais espetáculos populares do Nordeste brasileiro. É uma tradição centenária de São Gonçalo do Amarante e voltou a tomar força com a oficialização do pastoril Dona Joaquina, em 2005. O grupo reúne descendentes e simpatizantes dos antigos grupos de pastoris da cidade, resgatando e mantendo a tradição cultural da Lapinha e do Pastoril na região. O grupo potiguar é formado por 18 pastorinhas, com idade entre 16 e 25 anos.
Oriundo dos dramas litúrgicos representados nas Igrejas, aos poucos desvinculou-se dessa característica natalina, tornando-se o folguedo de maior aceitação popular no município. Essa brincadeira de mocinhas, traz como marca principal a herança recebida de avós, bisavós e de todas as matriarcas da região onde se origina o grupo.
O Pastoril é formado por dois cordões (azul e vermelho) e caracterizado pelo canto de jornadas de saudação ao público, louvação ao Messias e exaltam o próprio pastoril. A concepção cênica é sempre formada pelo espírito de competição entre os dois grupos (cordões). À frente estão a “Mestra’ do vermelho e a “Contramestra” do azul, seguidas das pastoras. A mediadora da rivalidade é a “Diana”, vestida nas duas cores.

BAMBELÔ

Os “Bambelôs” constituem-se em danças ao som do tambor, batendo ritmicamente. O solista, no centro da roda de dançarinos, executa uma série de passos. Ao terminar aproxima-se de um dos participantes, convidando-o para dançar através de um gesto denominado umbigada. A ação é repetida até que todos participem da brincadeira. Os versos cantados são simples, sempre com um refrão que todos respondam.


Coco do Calemba
O Grupo Párafolclórico Coco do Calemba sob a direção e coordenação do designe e coreógrafo Victor D’Melo surgiu em 2008, na perspectiva de reavivar as manifestações populares do município de São Gonçalo do Amarante, Berço da Cultura Popular. A intenção do Coreografo é revitalizar em parceria com a juventude local, o ritmo e a música do Grupo de Raiz (da Melhor idade) o BAMBELÔ DA ALEGRIA e outras músicas (de Coco) de domínio público da cultura do Estado do Rio Grande do Norte. Segundo Câmara Cascudo, ele próprio, batizou de Bambelô, o Coco de Roda de São Gonçalo do Amarante/RN para diferenciar dos outros grupos do Estado, existe um grupo de Coco, denominado de MANERO PAU em Igreja Nova, comunidade pertencente a São Gonçalo do Amarante. Há quem diga que Coco significa cabeça, (cuca organizada) de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante as festas populares do litoral e do sertão nordestino.







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