domingo, 21 de setembro de 2025

Ensino Híbrido: Rotação por Estações

    Conceito do Ensino Híbrido: Rotação por Estações

O modelo de Rotação por Estações é uma das modalidades mais conhecidas e aplicadas do ensino híbrido. Ele é caracterizado pela organização da sala de aula em diferentes "estações" ou centros de aprendizagem. Os alunos, em pequenos grupos, se revezam por essas estações, que incluem atividades variadas, sendo pelo menos uma delas realizada com o uso de tecnologia de forma individual ou em grupo.

Esse modelo integra de forma intencional o aprendizado online com a instrução presencial. O objetivo é permitir que o professor personalize o ensino, oferecendo suporte a grupos menores enquanto outros trabalham de forma autônoma.

O conceito e a formalização dos modelos de ensino híbrido, incluindo a Rotação por Estações, foram amplamente difundidos por pesquisadores do Clayton Christensen Institute[1], uma organização que se dedica ao estudo da inovação disruptiva.

Principais Referências Teóricas

Michael B. Horn e Heather Staker  são considerados as maiores referências no tema. Em seu livro "Blended: Using Disruptive Innovation to Improve Schools" (2014), eles definem o ensino híbrido e categorizam os diferentes modelos, como a Rotação por Estações. Eles descrevem a Rotação por Estações como um modelo no qual "os alunos rodam entre estações de aprendizado, no mínimo uma delas é uma estação de aprendizado online. O modelo de Rotação difere do modelo de Laboratório Invertido, pois os alunos rodam entre as estações de aprendizado dentro da sala de aula."

Clayton M. Christensen um dos fundadores do Clayton Christensen Institute, e sua teoria da "inovação disruptiva" é a base para oestudo de como a tecnologia pode transformar a educação. O trabalho de Horn e Staker é uma aplicação direta da teoria de Christensen ao contexto escolar.

No Brasil, o conceito foi popularizado e adaptado por pesquisadores e instituições como a Fundação Lemann e o Instituto Península. A obra "Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação" (2015), organizada por Lilian Bacich, Adolfo Tanzi Neto e Fernando de Mello Trevisani, é uma das principais referências nacionais, trazendo a perspectiva e a aplicabilidade desses modelos para o contexto educacional brasileiro.

Características do Modelo de Rotação por Estações (com base nas referências)

  1. Flexibilidade: O modelo é altamente adaptável a diferentes disciplinas e níveis de ensino. As estações podem ser ajustadas para atender às necessidades específicas dos alunos, permitindo que uns aprofundem o conteúdo enquanto outros revisam conceitos básicos.
  2. Personalização: Ao dividir a turma em pequenos grupos, o professor consegue dedicar mais tempo àqueles que precisam de atenção individualizada. As atividades online, por sua vez, podem ser personalizadas por plataformas adaptativas que ajustam o ritmo e o nível de dificuldade para cada estudante.
  3. Desenvolvimento de Autonomia: A rotação por estações promove a autonomia dos alunos, que precisam gerenciar seu tempo e suas tarefas em cada estação. O professor atua mais como um facilitador do aprendizado.
  4. Combinação de Habilidades: O modelo integra diferentes tipos de atividades (online, colaborativas e com o professor), desenvolvendo diversas habilidades nos alunos, como a colaboração, o pensamento crítico e a fluência digital.

Referências

BORGHESAN, Jéssica Maila. CLEMENT, Luiz. Produto Educacional. Atividades Didáticas de Rotação por Estações: Proposições para o ensino de Ciências. Universidade do Estado de Santa Catarina, 2023. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1-AhXD38Gdrv4pI6516GqJRR3QVcyfuhR/view?usp=sharing> . Acesso em 08/09/2025

CHRISTENSEN, C.; HORN, M.B.; STAKER, H. Ensino Híbrido: Uma inovação disruptiva? Uma introdução à teoria dos híbridos. Fundação Lemann e Instituto Península. 2013. Disponível em https://www.pucpr.br/wp-content/uploads/2017/10/ensino-hibrido_uma-inovacao-disruptiva.pdf  acesso 08/09/2025.

HORN, M. B.; STAKER, H. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação. Tradução: Maria Cristina Gularte Monteiro; revisão técnica: Adolfo Tanzi Neto, Lilian Bacich. Porto Alegre: Penso. 2015.

MORAN. J. M. Metodologias Ativas de bolso: como os alunos podem aprender de forma ativa, significativa e profunda. São Paulo: Editora Brasil, 2019.

TAVARES, Amanda.  AQUINO, Lucélio. Ensino Híbrido: Aprendizagem Ativa no Ensino Médio Noturno. Natal, RN: Ed. dos Autores, 2025. PDF. Disponível em https://drive.google.com/file/d/1GUFg90am-ijrChQCSmd9U2ZR9BODvcgR/view?usp=sharing acesso em 06/09/2025.


https://www.youtube.com/watch?v=1d-UnyZu_II

https://www.youtube.com/watch?v=2TZALzGbAYg

 

 VAMOS PRATICAR

 “Como seria se sua sala de aula funcionasse como um espaço dinâmico, em que o aluno circula, experimenta e constrói conhecimento sobre um tema específico, em movimento?”. 

Assista o vídeo  disponibilizado no canal do YouTube do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), sobre a metodologia de ensino de Rotação por Estações. 

Cada estação será identificada por uma cor associada ao nome de um autor referência em metodologias ativas. Assim, teremos a Estação Moran (cor verde), a Estação Horn (cor amarela), a Estação Christensen (cor vermelha) e a Estação Staker (cor azul). Em cada uma delas, os participantes serão organizados em subgrupos, de modo a evitar grupos numerosos em uma mesma atividade e possibilitar maior participação, interação e engajamento.


 Estação Moran – Cor verde – Construção teórica (15 min):

A Estação terá seu início com a disponibilização de infográficos impressos em formato de marcador de páginas para cada participante. Esse recurso conterá informações quanto à prática da Rotação por Estações, e a sua leitura custará, em média, 4 (quatro) minutos do tempo disposto aos participantes. Após esse momento, o mediador da Estação explicará a atividade a ser realizada, a qual os integrantes do grupo irão construir um fluxograma, em formato de encaixe, utilizando papel peso 40 (quarenta) e impressões que irão detalhar o passo a passo da metodologia de ensino estudada. Para isso, será disponibilizado um tempo maior, de 8 (oito) minutos, para a elaboração do fluxograma como produto final.


Estação Horn – Cor amarela – Tecnologia e planejamento em ação (15 min):

A Estação terá seu início com a exibição de vídeo de um exemplo  prático da metodologia, que terá a duração de 3 minutos, e necessitará que os participantes utilizem seus celulares e fones de ouvido para a reprodução do vídeo, que estará disponível para acesso em um QRCode na mesa. Após assistir ao vídeo, o mediador da Estação solicitará que os participantes se dividam em subgrupos de 4 (quatro) componentes para a realização de um mapa mental de um plano de aula. Essa atividade terá, em média, 10 (dez) minutos para a sua execução, e contará com a utilização da reprodução de um modelo do Google Slides para a elaboração dos mapas mentais em uma apresentação compartilhada, que também será disponibilizada através de um QRCode disposto na mesa.


 Estação Christensen – Cor vermelha – Desafios reais (15 min): 

O mediador iniciará uma breve explicação, com a duração de 2 (dois) minutos, da atividade proposta. Será lançada a pergunta norteadora: “Quais seriam os maiores obstáculos para implementar a rotação por estações em sala de aula?”. Em seguida, serão disponibilizados blocos de notas e canetas para que os participantes pensem e escrevam desafios como: falta de recursos, salas pequenas, grande número de alunos, falta de tempo para planejamento, resistência dos colegas ou da gestão, entre outros. Após a escrita, o grupo organizará os blocos de notas na cartolina (ou papel madeira) agrupando os obstáculos semelhantes identificando os principais desafios. Este momento, com duração de 6 (seis) minutos, servirá para que todos os participantes percebam que os desafios são comuns e que não estão sozinhos nas dificuldades. Com os obstáculos já organizados em cartolina, o grupo deverá focar na busca por soluções. Para cada obstáculo listado, os participantes deverão escrever em bloco de notas de uma cor diferente as possíveis soluções, esse momento ocorrerá durante 6 (seis) minutos. É crucial que as soluções sejam práticas e aplicáveis, levando em conta o contexto real da escola. Por exemplo: Obstáculo: "Sala de aula pequena." Solução: "Utilizar outros espaços da escola (corredor, quadra). O produto final será a cartolina preenchida com os obstáculos em uma cor de bloco de notas, e as soluções correspondentes em outra cor. No fechamento dessa Estação, que terá a duração de 2 (dois) minutos, será enfatizado que a rotação por estações, como qualquer outra metodologia, exige adaptação e flexibilidade.


 Estação Staker – Cor azul – Exemplo prático (15 min):

Para iniciar essa estação, será feita uma breve explicação de 1 (um) minuto justificando a escolha do autor que intitula a atividade. Posteriormente, será apresentado aos participantes um mapa mental impresso de um plano de aula que já implementa a metodologia de Rotação por Estações. Cada participante receberá uma cópia para análise individual, durante aproximadamente 3 (três) minutos, observando como a metodologia foi aplicada em um exemplo concreto. Na sequência, os participantes serão orientados quanto à atividade principal: eles terão 7(sete) minutos para acessar, por meio de um QRCode, um quadro comparativo online no Padlet, dividido em duas colunas intituladas: “O que já aplico?” e “O que é novidade?”. Cada um irá registrar suas observações diretamente na plataforma. As contribuições serão exibidas em tempo real através de um projetor, permitindo a visualização coletiva e estimulando a discussão sobre aproximações e distanciamentos entre os elementos da metodologia apresentados no mapa mental e a prática pedagógica atual dos participantes durante os últimos quatro minutos da estação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] localizado em Lexington, Massachusetts, EUA.